Do Desejo
de Hilda Hilst
E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.
(Do Desejo - 1992)
* * *
Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosses morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer.
( Do Desejo - 1992)
* * *
Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível
E o que eu desejo é luz e imaterial.
Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?
(Da Noite - 1992)
Na verdade, não sou eu que não merece , são os outros que não me vêem como deveriam! Tenho que perceber que não sou errada, só qeu a vida não tem manual, nem epílogo, nem certo e errado! É um jogo de xadrez que a qualquer momento nos dá um xeque-mate e você tem que estar preparado.
Mudanças, elas doem e muito....mas aguardem meus amigos, leitores desse cantinho, mesmo que não comentem terei novidades, que fazem parte do meu novo modo de encarar as dificuldades: através de medidas extremas, sem ficar em cima do muro.
Ouvindo: Here´s where the stories ends The Sundays ( na minha opinião deveria ser chamar here´s where the stories starts)